De férias em Florianópolis pra estar com meus pais, me peguei com saudades do jardim. Eu sempre tenho saudades da minha casa quando viajo. Aquela coisa bem clichê, viajar é bom mas voltar pra casa é melhor ainda, sempre caiu como uma luva pra mim.
Dessa vez, a saudade está agravada. Penso o tempo todo no meu cãozinho, que ficou com cuidadores ótimos e está se divertindo horrores em companhia de outros cãezinhos. Também tenho muita saudade do M - ele está com os pais, irmão e sobrinhos em SP. E aí, tem a saudade do jardim.
Acesso a câmera de segurança (que na verdade não instalamos por causa de segurança necessariamente, foi mais pra ficar de olho do Darcy quando ele está sozinho lá fora) algumas vez ao dia. Poxa, lá está sol e aqui está chovendo. Poxa, lá choveu de novo. Ih, aquela moita ali realmente não se recuperou. Isso é o máximo de conclusões que consigo tirar pela tela do telefone, olhando ao vivo meu refúgio do outro lado do oceano.
Eu fico imaginando a cena, saindo do carro, tirando as malas do porta malas, abrindo a porta de casa, eu vou direto lá trás. Abrir a porta dupla de vidro que separa a cozinha do jardim, e ‘fazer o perímetro’, como nós falamos lá em casa. Vou ver se as mudas que plantei um dia antes da viagem parecem confortáveis, se as plantas que estavam crescendo suas folhas de novo estão vigorosas, se algum dos vários botões de camélias abriram e me esperararam, se a cebolinha está firme, se os pontinhos verdes estão se tornando rabanetes e abobrinhas, se as roseiras começaram a dar sinal de vida.
As tulipas estavam prestes a abrir e fico aqui torcendo para que eu ainda consiga vê-las. Os narcisos já estavam nas últimas, e vou precisar podá-los assim que chegar, para fortalecer os bulbos pro ano que vem. A grama deve estar gigantesca, e quem sabe as ‘falhas’ começaram a diminuir depois de duas semanas sem cão e humanos pisando pisando e pisando.
A florestinha - o pedacinho no jardim lááááá no fundo junto a cerca, nomeado assim em homenagem a uma fala da personagem Lady Catherine De Bourgh em Orgulho e Preconceito (‘A prettyish kind of a little wilderness’) - ganhou alguns novos componentes também logo antes da viagem, e na câmera é impossível distinguir as coisas nessa distância. Mas tudo me parece bem verdinho, o que é sempre um bom sinal.
Eu não quero voltar a trabalhar na segunda feira, mas não vejo a hora de, precisamente às 7 da manhã, abrir a porta dupla da cozinha pro meu cãozinho se aliviar e aproveitar os minutos de paz no meu jardim, lembrando quanto falta ele me faz.
Adorei e me identifiquei, não tenho jardim, mas sinto falta do meu cantinho quando viajo.
Me identifico um pouco. Tem épocas em que gosto menos de ficar longe. E me sinto culpada. Vou housesit pra uma amiga e vou ficar dias por semana na casa dela toda semana por um mês. Já estou agoniada. Bom retorno, Helo!