Harriet Martineau

e a sede de natureza

‘… no one but a restored invalid can conceive what it was to ramble for miles… drinking in the sunshine in the fields, and the cool shades under the green avenues’(carta de Harriet Martineau para uma amiga em 1845)

‘… não há ninguém além de um enfermo recuperado que consiga compreender o que é caminhar em meio a natureza por milhas e milhas… matando a sede de sol no campo e da refrescante sombra de uma alameda de árvores’(minha livre tradução da passagem acima)

Harriet Martineau, socióloga, abolicionista, jornalista, novelista, escritora de guias de viagem, passou cerca de cinco anos doente e confinada em um quarto. O único acesso a natureza que tinha nesse tempo era a paisagem que via pela janela e com ajuda de um telescópio. Mas Harriet, contrariando todas as expectiativas, melhorou.

Li sobre Harriet na semana passada. Ela é uma das 10 mulheres retratadas no livro ‘Wanderers’ de Kerri Andrews. Em comum, as 10 mulheres usavam o caminhar não apenas como atividade física, mas também para estimular sua criatividade e escrita.

Eu me apeguei particularmente a Harriet. Enquanto lia sobre ela e as outras nove mulheres, eu mesma estava em casa, de licença médica (o famoso ‘peguei atestado’ em bom português da classe trabalhadora), tentando recuperar a energia que o parasita coronavirus (eu sei que não é um parasita, mas é como eu me senti) roubou do meu corpo. Ler foi uma das poucas coisas que consegui fazer naqueles dias.

Obviamente não estou comparando o meu breve confinamento com os anos que Harriet passou acamada e a gravidade da doença dela. Mas o anseio por estar do lado de fora me conectou a sua experiência.

Felizmente, estou melhorando todo dia, e no fim de semana já consegui matar um pouco da sede mencionada por Harriet na carta. Mal posso esperar pela minha completa recuperação, e pra ter energia suficiente para ‘caminhar em meio a natureza por milhas e milhas…’