No meu ápice de auto descobrimento feminista, gastei um dinheiro em livros sobre mulheres pioneiras. Cientistas, políticas, ativistas, esportistas, artistas. Alguns são biografias completas, outros contam a história resumida em uma página. Tenho até livros infantis. Vários desses livros eu li de cabo a rabo, vários eu consultei para fazer os vídeos da Conexão Feministas, e outros tantos para criar meu tour das mulheres em Londres.
Esse interesse acabou tomando um rumo mais específico, focado em mulheres ligadas de uma forma ou outra a natureza. A mulherada que sobe montanhas, que caminha por aí, que cultiva jardins, recupera florestas, cria grupos para ajudar outras mulheres a se conectarem com a natureza, da forma que seja.
Semana passada estive em Gales, uma passagem curta, e me peguei pensando que eu jamais entraria em uma seleção dessas. Eu estava em busca de uma cachoeira calçando o sapato mais errado possível. Me hospedei em uma fazenda e quando estava fazendo as malas nem pensei que precisaria de uma botinha pra levar o cachorro pra passear. Não levei capa de chuva e fiquei carregando guarda chuva.
Eu, que achava que tinha até uma certa experiência como mulher selvagem, seria a primeira da lista do livro das desconhecidas. As amantes da natureza que não são pioneiras de nada, que recebem aquele olhar de reprovação dos andarilhos experientes que cruzam nosso caminho na trilha e avistam nosso sapatênis cor de rosa todo molhado e enlameado.
A natureza é pra gente também. Nós, as deconhecidas!
Um dos meus preferidos esse texto. Obrigada por ele