Há alguns meses eu passei um fim de semana prolongado em Cornwall com minha amiga Raphaella. Era um retiro só para mulheres, com o intuito de nadar. Éramos acompanhadas por nadadoras profissionais, mas tudo foi bastante informal. Não precisava nadar se não quisesse. A gente tinha a escolha de simplesmente sentar e apreciar a paisagem enquanto o resto do grupo fazia a atividade. Ou podiamos entrar na água so pra ficar la, no lugar, descansando.
Ficamos em tipis, usamos banheiro compostável, comemos refeições veganas. E, além do mar aberto, também tivemos oportunidade de nadar em uma das várias piscinas de maré em Cornwall. As piscinas de maré só podem ser vistas (e portanto, usadas) quando a maré esta baixa. Na maré alta, elas somem. É preciso programar a visita pra pegar a hora certa, já que a maré nessa região muda completamente o visual da praia.
Fiquei feliz de ter essa parada no roteiro. Tenho uma fascinação com as piscinas de maré em Cornwall, e uma delas está no meu top 3 de lugares visitados na vida. Uma jóia.
Essa piscina que visitamos não era tão bonita ou tão secreta. Pelo contrário - bem conhecida e fácil de ver na maré baixa. Mas isso não tem importância. É uma piscina de maré, algo que está ali as vezes e as vezes não está. E eu estava lá com uma das minhas melhores amigas. Naquela água gelada, com nossas mochilas e toalhas jogadas nas pedras, e junto com outras mulheres que nunca havíamos visto (e cá entre nos, nunca mais veremos, apesar do grupo no Whatsapp) na vida.
Fazer uma viagem com uma amiga, e dividir um quarto ainda por cima, é algo que estreita os laços. Encarar uma longa viagem de trem, fazer as refeições juntas. Saber o horário do banheiro uma da outra, o que cada uma leva na mala, se dorme logo ou se tem insônia. Escutar a amiga conversar com o marido no telefone - quando ela vira essa pessoa com a qual você não convive. Tudo isso é potente.
Mas mais potente é estar dentro de uma piscina de maré em Cornwall. Ou fazendo uma trilha e escutando silêncio. O que quer que seja que a gente pode experimentar na natureza. Tem algo ali, que pra mim é uma versão do divino. Brincar na água, molhar o cabelo, estar quase despida, a pele se acostumando a temperatura fria. O receio de sair da água maior do que o receio de entrar. Tudo isso, juntas. O laço, ali, criou um monte de camadas. Nós.
Posso me auto proclamar madrinha dessa amizade tão linda? ❤❤🥰
Essa conclusão é de uma força maravilhosa. O laço e nós. Que potente! Que experiência rica.