Sarah e Josh. Philly e Keely. Athena e Harvey. Sarah e Willie. Youtubers que preenchem minhas (poucas, infelizmente) horas de ócio e me fazem imaginar uma vida menos boomer e mais millennial. Como boa integrante da geração X, me encontro bem no meio dessas duas turmas.
Esses youtubers olharam para o que gente tava fazendo - sonho da casa própria, trabalho estável, salário e benefícios, pequenos prazeres aos finais de semana e uma ou duas viagens de férias ao longo do ano - e decidiram que não, isso não parece empolgante o suficiente pra repetir por anos e anos. Eles são pra mim os novos românticos - não no sentido de amor, mas no interesse pela natureza, e entendimento que nem toda sabedoria é proveniente do mundo acadêmico.
Eu acho que minha mudança e do M para o interior depois de 14 anos em Londres e uma vida toda em grandes cidades tem que um quê de millennials românticos. Podemos sair de casa e fazer uma trilha. Várias trilhas. Mas a influência boomer é enraizada demais, e a decisão de viver em Sussex veio cheia de condições: não mais que uma hora de trem de Londres, tem que ter comércio por perto, tem que ter restaurantes e um burburinho cultural. O wifi precisa ser rápido, a Amazon precisa entregar em 24 horas.
Mas esses casais me tentam. A casa mal está decorada e o jardim ainda cheio de coisas pra fazer, e já me pego pensando se seria assim tão diferente morar no Lake District, 500km para o norte. Ou na Isle of Skye, nas Highlands da Escócia. Londres está sim a uma hora de trem, mas a gente só vai pra Londres pra trabalhar. Os amigos vem sim nos visitar, mas isso faz parte da novidade. daqui 1, 2, 5, 10 anos, será que eles continuarão visitando? Se as visitas forem mais escassas, não seria até mais interessante pra eles que morássemos ainda mais longe?
Não sei. Por enquanto vou continuar aqui em cima do muro, tentando crescer plantinhas nos dois jardins.
Heloisa, como X, eu te entendo perfeitamente. No entanto, acho que sua (nossa) necessidade de ainda estar perto do burburinho cultural e de restaurantes (o melhor da vida urbana) é bem coisa de millennial. E tudo bem. A diferença para nós, X, é que sabemos que a conta chega no final do mês.
Eu sempre, sempre, sonhei em largar tudo, estilo família Schürmann, e viver viajando numa campervan. Afinal, cresci assistindo as viagens deles no Fantástico. Mas a vida vai se instalando, contas pra pagar, comodidade do quintal e da vida de assalariado. Também mudamos para o interior há pouco menos de 2 anos. E as exigências eram bem parecidas: 38m de Londres de trem rápido, restaurantes, coisas pra fazer por perto... E o tal sonho de largar tudo volta e meia aparece e cutuca enquanto a gente assiste Youtube, mas se vai se tornar realidade um dia, sabe Deus hahaha